De acordo com Neimar Frota e Ademilton Pavão, um depósito de R$ 100 mil feito ao Ceilândia para a Série D do Campeonato Brasileiro não foi lançado no balanço financeiro da FFDF. O Luziânia, outro representante da cidade na competição, não recebeu aporte da entidade.
Em reunião na manhã desta sexta-feira (15), na sede da federação, os clubes não aceitaram a prestação de contas de 2016. Neimar Frota contestou o uso dos R$ 300 mil repassados pela CBF em julho de 2016. Segundo a acusação, além dos R$ 100 mil doados ao Ceilândia e dos R$ 75 mil em gastos com as certidões para o Mané Garrincha, não declarados, R$ 200 mil estão sem o destino esclarecido. “Não tem recibo nenhum, não tem prestação de conta, simplesmente sumiu”, acusa Neimar Frota.
"Ele (Erivaldo) não pode se manter no cargo, ele pode se aproveitar disso para acobertar provas"
Neimar Forta, presidente do Samambaia
A intenção do encontro era a autorização dos clubes para que o Conselho Fiscal da FFDF reanalisasse prestações de contas, balancetes, demonstrações dos resultados financeiros, balanço contábil e patrimonial, movimentações bancárias, recolhimento de encargos tributários, pagamentos aos servidores e a terceiros prestadores de serviços, borderôs dos jogos oriundos de outros estados e/ou outras federações e competições organizadas no período de 1º/1/2016 a 31/12/2016.
A denúncia ainda afirma que Erivaldo Alves abriu uma conta sem que os demais membros do órgão tivessem conhecimento, exceção feita a Cícero Lima, diretor financeiro da FFDF. Patricia Pereira Gomes Pessoa, contadora da entidade, declarou não saber da existência dessa conta, aberta no banco Sicoob. As acusações foram homologadas em cartório.
Contra-ataque
Em entrevista ao Correio, Erivaldo Alves se defende. “Houve um vacilo da minha diretoria financeira no balanço de 2016 relativo a um empréstimo de R$ 100 mil ao Ceilândia para a Série D. O clube não assinou o recibo. Isso vai ser retificado no balancete de 2017, mas os clubes não estão aceitando”, rebate.
"Puxem a ficha corrida dele e saberão quem é Neimar. Não vou à federação há duas semanas porque estou sendo ameaçado de morte por ele"
Erivaldo Alves, presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal
O dirigente aproveitou para contra-atacar: “São acusações levianas. Estou sendo vítima de perseguição pessoal e política porque afastei o Neimar da federação devido a escândalos com cambistas e sonegação de impostos em jogos realizados aqui. Não vou à federação há duas semanas, porque estou sendo ameaçado de morte por ele”, denuncia.
Destituição
Como retaliação às supostas improbidades administrativas de Erivaldo Alves, alguns clubes filiados à Federação marcaram uma assembleia extraordinária para o próximo dia 22 (sexta-feira) visando a destituição do presidente da FFDF por cometer gestão temerária e fraudes fiscal e contábil, conforme declaração de filiados. “Ele (Erivaldo) não pode se manter no cargo, ele pode se aproveitar disso para acobertar provas”, alega Neimar Frota.
Erivaldo Alves rebate. “Puxem a ficha corrida dele e saberão quem quem é Neimar. Ele não tem autoridade moral e ética para fazer acusações”.
A reunião dos clubes pretende autorizar a contratação de uma auditoria independente para fiscalizar as contas da entidade. “Já temos oito assinaturas de presidentes dos clubes, vamos conseguir de mais três na segunda (18) e tentaremos o máximo possível”, conta Ademilton Pavão.
"Só posso agradecer o empenho da FFDF na ajuda ao clube para a disputa da Série D, se não foi para o balanço, o problema já não é meu"
Ari de Almeida, presidente do Ceilândia
A decisão tomada pela assembleia organizada pelos clubes, que pode afastar Erivaldo do cargo, tem valor jurídico. Pelo menos na visão do ex-presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Distrito Federal (TJD-DF) Henrique Celso Carvalho. “A partir do momento em que há a denúncia e uma assembleia é convocada, ela pode, sim, afastar de imediato o presidente. Ele tem direito de brigar na Justiça para reverter o quadro, mas poderá ser afastado sob a nomeação de um novo ocupante do cargo, um interventor”, analisa.
Ari de Almeida, presidente do Ceilândia, ironizou. “Só posso agradecer o empenho da FFDF na ajuda ao clube para a disputa da Série D. Se não foi para o balanço, o problema já não é meu.”
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima