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Atletas brasilienses tiram a roupa em defesa do Lago Paranoá

As fotos farão parte de um calendário que terá venda revertida para o projeto Guardiões do Lago. Ensaio visa chamar a atenção para os problemas do Paranoá

postado em 21/12/2013 14:20

Jéssica Raphaela /Correio Braziliense

Kazuo Okubvo/Casa da Luz Vermelha


Um ensaio fotográfico promete deixar a paisagem do Lago Paranoá ainda mais bonita. Atletas tiraram a roupa e posaram nus para chamar a atenção dos brasilienses a respeito dos riscos de assoreamento e contaminação da água. Em meio a artistas e ecologistas, os usuários do “mar” candango deixaram a timidez de lado para serem registrados pelas lentes do fotógrafo Kazuo Okubo. O resultado é um calendário que será lançado hoje, às 19h, em um shopping da cidade.

O uso recorrente do local para a prática esportiva convenceu os atletas a se despirem e serem abraçados pelas águas sem nenhuma peça de roupa. Eles confessam que, no início, foi desconfortável. “A gente fica meio desconsertado, morrendo de vergonha. Mas depois acabamos contaminados pelo movimento, pelo grupo, e começamos a aproveitar o momento”, relata o remador Marcelo Bosi, idealizador do projeto.

CONFIRA A GALERIA COM FOTOS DO ENSAIO

Bosi teve a ideia ao ver um ensaio nu feito por remadoras inglesas para arrecadar verba para um projeto social. Ele mandou as fotos para várias atletas e brincou com a hipótese de fazer imagens semelhantes no lago. Foi assim que a também remadora Ana Sol comentou que conhecia o fotógrafo Kazuo Okubo e tornou a brincadeira em algo sério. “Vi a chance de reunir pessoas preocupadas com o lago. Há ecologistas, artistas, e, principalmente, atletas. A ideia de colocá-los em prática nas atividades que realizam todos os dias no local foi bem natural. Esse já é o hábitat natural deles. A única diferença foi fazê-los tirarem a roupa”, relata a atleta.

Entre os que toparam o desafio, os esportistas foram os mais envergonhados. “Ninguém ali era modelo, e sim pessoas comuns. Os primeiros cinco minutos são infernais, eles têm uma sensação invasiva muito grande, mas depois esquecem a condição e começam a curtir o processo”, relata o fotógrafo Kazuo Okubo, e destaca a segurança dos atletas em relação ao próprio corpo. “Eles têm o corpo bem delineado, então são menos atormentados com a questão do que mostrar e do que não mostrar.”

Quem topou o desafio ficou satisfeito com o resultado. “As fotos ficaram bonitas, sem apelo sexual, e cumpriram a função de chamar a atenção para um problema que envolve todos os brasilienses: o lago”, afirma Ana Sol. Além de remadores, atletas da natação e do multisport se transformaram em modelos no projeto.

Saiba mais
Guardiões do Lago

A verba arrecadada com a venda dos calendários — cada exemplar custa R$ 60 — será convertida para o projeto Guardiões do Lago. A iniciativa, criada por Marcelo Bosi, reúne atletas e pesquisadores da Universidade de Brasília em prol do Lago Paranoá. Com parceria entre o Instituto de Geociência e a Federação Brasiliense de Canoagem, o projeto analisa o uso e as problemáticas que envolvem a Bacia do Rio Paranoá.