Hackers ameaçam sites ligados às Olimpíadas
Por meio da operação #OpOlympicHacking, o Anonymous Brasil já quebrou o sigilo de e-mails da Petrobras
postado em 04/02/2016 09:17 / atualizado em 04/02/2016 09:59
Sites do governo e ligados à organização dos Jogos Olímpicos 2016 estão sob a mira do Anonymous Brasil, coletivo formado por grupos de "hacktivismo" -- prática de disseminar ideologia por meio de invasão de sistemas. Na terça-feira (2/2), a operação denominada #OpOlympicHacking atingiu o primeiro alvo, a Petrobras. O anúncio, postado no Facebook, começa com "O petróleo é nosso? As bases de dados também", disponibilizando um link de acesso para dados restritos de funcionários da estatal. Mais de mil nomes de usuário, logins e senhas de e-mails foram abertos no portal Pastebin, que armazena vazamentos de informações digitais.
Até o fechamento da reportagem, um dos servidores da empresa permanecia fora do ar, como forma de proteger as contas e preservar informações. Ao Correio, por e-mail, um porta-voz do Anonymous disse que "o objetivo é expor ao mundo todo o abuso, corrupção, opressão, desvio ou crimes cometidos pela organização, pelo governo, pelas grandes corporações capitalistas patrocinadoras ou diretamente beneficiadas".
O Anonymous aponta como principal motivo dos ataques os gastos, a princípio, orçados em R$ 28,8 bilhões, mas que chegaram a R$ 39,1 bi -- R$ 17,7 bi a mais que o investido na Copa do Mundo. "A toda hora surge mais um aditivo", comentou o porta-voz. A justificativa de que os jogos vão se reverter em legado para a população é desacreditada pelos hackers. "Já vimos com a Copa do Mundo que isso não ocorreu", afirmou, criticando nominalmente o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e a presidente da República, Dilma Rousseff. "Os grandes vencedores das Olimpíadas já são conhecidos: políticos populistas, empreiteiras e os empresários", acrescentou.
A hashtag #OpOlympicHacking começou a circular na internet na segunda-feira (1/2), quando o Anonymous Brasil postou uma imagem nas redes sociais com as palavras: "Estamos pagando o preço da Copa. Preparem-se para o próximo boleto". Nela estavam os anéis olímpicos, símbolo do evento esportivo, e um indivíduo com a máscara do personagem histórico Guy Fawkes, que representa os anônimos (em português), seguido do texto: "Que os jogos comecem".
O porta-voz do Anonymous Brasil argumenta que, com a #OpOlympicHacker, o coletivo cumpre o papel de "alertar a população sobre as manipulações feitas por grandes corporações que em nada objetivam com a essência e valores de tais eventos, a não ser com o lucro imediato, crescente e inconsequente".