JUSTIÇA

Dirigente do Brasiliense é banido do futebol

Acusado de manipulação de resultado, Paulo Henrique Lorenzo recebe castigo máximo no Superior Tribunal de Justiça Desportiva

postado em 02/08/2018 21:30 / atualizado em 02/08/2018 22:44

Gustavo Moreno/CB/D.A Press
 

Dois meses depois de ser eliminado da Série D do Campeonato Brasileiro, o Brasiliense amargou outro vexame nesta quinta-feira. Acusado de manipulação de resultado na partida entre Manaus e CSA pela Copa do Brasil deste ano, o diretor de futebol do clube, Paulo Henrique Lorenzo, foi banido do esporte pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e multado em R$ 20 mil. A decisão da Quinta Comissão Disciplinar é unânime, mas ainda cabe recurso. É provável que o julgamento chegue à última instância.

O processo começou quando o árbitro escalado para o duelo, Vanderlei Soares de Macedo, revelou que foi abordado pelo auxiliar de fisioterapia do Brasiliense, Pedro Crema, um dia antes da partida entre Manaus e CSA durante uma clínica de treinamento para árbitros do DF. Ele teria recebido uma oferta de R$ 20 mil para favorecer o time amazonense.

Pedro Crema foi denunciado. No julgamento, ele confirmou que tentou subornar o árbitro a mando de Paulo Henrique Lorenzo, diretor de futebol do Brasiliense. Pedro juntou provas e foi punido com suspensão de 365 dias e multa de R$ 10 mil.

Paulo Henrique foi ouvido em Brasília e negou conhecer Pedro e o envolvimento com o  suborno. Foi agendada uma acareação entre Paulo Henrique e Pedro na sede do STJD  em 26 de junho. Paulo Henrique solicitou adiamento. Com a negativa, a defesa do dirigente pediu então que ele fosse ouvido por videoconferência. No entanto, Paulo Henrique não foi encontrado no hotel marcado para atender as ligações do tribunal. Pedro Crema prestou novo depoimento.

Imediatamente, a Procuradoria ofereceu denúncia contra Paulo Henrique Lorenzo por dar ou prometer qualquer vantagem a árbitro ou auxiliar de arbitragem para que influa no resultado da partida (artigo 241 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva).

Sob pressão, o diretor do Brasiliense compareceu e respondeu as perguntas dos Auditores. Houve muitas divergências com o que havia sido dito pelo auxiliar Pedro Crema. Paulo Henrique afirmou acreditar que Crema queria prejudicá-lo por por não ter recebido aumento e negou ter qualquer contato com o clube de Manaus.

"Fui para o Brasiliense como treinador de goleiros na época e de 2004 para cá passei a ser gerente de futebol. Não participava diariamente, como ele era estagiário. Tínhamos contato nos treinamentos. Quando mandaram email falando sobre esse caso e falaram com Pedro Crema. Um dia antes ele me ligou e falou me ajuda. Depois ele desligou e tentei ligar várias vezes. Ele era fisioterapeuta e eu sabia que tinha contatos com arbitragem total. Ele (Pedro) ganhava R$ 200 de ajuda de custo da fisioterapia. Outro dia pediu para eu ajudar. Como eu não conseguia ajudar, não tenho autonomia, ele ficou bastante chateado comigo. Não sei se é por isso ou algo maior", depôs Paulo Henrique.

O procurador Marcus Campos lamentou o fato, mas pediu punição severa ao denunciado. A advogada Tatiana Ramos da Cruz alegou ausência de provas para punição do dirigente. Os auditores José Nascimento, Maurício das Neves, Flávio Boson e o presidente da comissão, Rodrigo Raposo, votaram pelo castigo máximo. 

Prisão

Como se não bastasse o dirigente Paulo Henrique Lorenzo ser banido do futebol, o presidente do Samambaia, Neimar Trindade Frota, está preso desde o último dia 31 na Delegacia de Polícia Especializada (DPE). Motivo: cartão clonado para compra de materia odontológico.