Protagonistas do último capítulo do Candangão 2020, neste sábado (29/8), às 16h, no Bezerrão, Gama e Brasiliense têm um dever de casa para depois da euforia do título ou da frustração causada pelo vice: observar com lupa pequenos detalhes na montagem dos elencos promovidos da Série D para a C do Campeonato Brasileirão nas últimas três temporadas.
Representantes do Distrito Federal na quarta divisão deste ano — a partir de setembro — os arquirrivais começaram o primeiro duelo, na última quarta-feira, no Mané Garrincha, usando times titulares com média de idade igual ou superior a 30 anos. O plano costuma dar certo nos torneios domésticos, mas, em âmbito nacional, a fórmula da juventude vem se firmando como segredo do sucesso.
Doze times subiram para a Série C nas últimas três temporadas. Nenhum elenco tinha média de idade superior a 30 anos (veja gráficos). O mais velho entre eles foi o Juazeirense. O grupo da equipe baiana tinha 26,7 anos. Favorito ao título depois da vitória por 3 x 1 no jogo de ida, o Brasiliense começou o duelo, no Mané Garrincha, com média de 31,5 anos. Oito jogadores escalados pelo técnico Márcio Fernandes eram trintões. Apenas Bruno Lima (27), que hoje dará lugar a Railan, Peninha (27) e Esquerdinha (29) estão na faixa etária inferior aos 30 anos.
Mesmo assim, o “vovô” da turma comeu a bola. O experiente Marcos Aurélio fez gol, deu assistência e faltou fazer chover em tempos de seca na capital. Aos 36 anos, o camisa 10 tem cinco gols no Candangão e um na Copa do Brasil. Hoje, pode levar o Brasiliense ao deca no mês em que o clube festejou 20 anos. A festa do título pode ser justamente no Bezerrão, a casa do arquirrival.
Atual campeão, o anfitrião Gama iniciou o jogo de ida com média de 30,09 anos. Rodrigo Calaça (39), Emerson (37), Esquerdinha (30) e Nunes (38) são os experientes da companhia. Por sinal, o veterano centroavante dá exemplo: é o artilheiro isolado do Candangão com 12 gols.
Obrigado a vencer por dois gols de diferença para forçar a disputa por pênaltis ou por três para conquistar o título pela 14ª vez, o técnico Vilson Tadei pode até rejuvenescer o time para ter mais fôlego na corrida contra o relógio para fazer o resultado. Nunes prevê mais um jogo duríssimo. “No ano passado, o Brasiliense não conhecia muito os jogadores do Gama. Neste ano, estão mais espertos”, argumenta, após a perda de 33 jogos de invencibilidade.
A tentativa de virada alviverde terá doping emocional hoje. A torcida uniformizada Ira Jovem organizou recepção ao ônibus do time do lado de fora do Bezerrão — a partida será com portões fechados. Em homemagem ao recém-falecido locutor Marcelo Ramos, o presidente da Federação de Futebol do DF, Daniel Vasconclelos, batizou a taça com o nome do “narrador do povão”, como era conhecido o ilustre torcedor do Gama.
CANDANGÃO
Gama e Brasiliense têm elencos com idade acima da média de times que subiram para a Série C
Entenda por que a faixa etária dos elencos de Gama e Brasiliense serviu para levá-los à final local, mas não se enquadra na fórmula do sucesso dos últimos 12 times que subiram da série D para a C do Brasileirão
Maíra Nunes , Marcos Paulo Lima /Correio Braziliense
postado em 29/08/2020 08:54 / atualizado em 29/08/2020 12:27
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