Em 22 de abril de 1500, os portugueses chegavam ao Brasil marcando o início do período colonial, que perdurou até 1822. Em 30 de abril de 2018, a CBF publicou uma análise da janela de transferência com dados de 10 de janeiro a 4 de abril. O levantamento aponta Portugal como o maior importador de jogadores brasileiros. Ou seja, o jogo virou. Inclusive, um brasileiro lidera a artilharia do Campeonato Português. Ele é Dyego Sousa, atacante do Sporting Braga.
O jogador homônimo de Diego Souza, artilheiro do São Paulo (13 gols), tem 29 anos e nasceu em São Luís, Maranhão. Começou a carreira no Moto Club da sua cidade natal, em 2009, onde atuou em quatro jogos e marcou um gol. Ficou lá por um ano e transferiu-se para o Andraus, do Paraná. De lá, para o Operário Ferroviário, por empréstimo, mas não chegou a entrar em campo por nenhum deles.
Na temporada de 2010/11, o Leixões, de Portugal, Dyego Sousa se tornou o primeiro clube profissional do atacante no país. Ele entrou em campo 15 vezes e anotou três gols. Em 2012, o Interclube, de Angola, o comprou por 150 mil euros, mas o jogador nunca entrou em campo pelo clube. Dyego voltou para Portugal na temporada de 2012/13 para vestir as cores do Tondela. Marcou quatro gols em 30 jogos. Um ano depois, transferiu-se para o Portimonense, no qual somou sete bolas na rede em 31 ocasiões.
Em 2014/15, começou a defender o Marítimo e ficou lá por mais tempo (três anos, até 2016/17). Jogou 80 partidas e fez 25 gols. Atualmente, no Braga, o maranhense está perto de alcançar a marca dos 25 gols por um mesmo clube. Está com 18 gols pelo Braga e nesta temporada já são seis em oito partidas, sendo cinco deles pela liga nacional. O desempenho o deixa na liderança da artilharia do campeonato.
Esse enredo de atacante brasileiro que saiu anônimo do Brasil e ficou famoso em Portugal não é novidade para os fãs do esporte (leia memória abaixo). Jonas, por exemplo, vai na contramão. Vestiu as camisas de Guarani, Santos, Grêmio e Portuguesa, quando jogou no Brasil, e virou referência no Benfica.
Lembre outros brasileiros que brilharam em Portugal:
Derlei, campeão da Liga dos Campeões pelo Porto na temporada de 2003/04, começou a carreira em 1994 no América-RN, onde permaneceu por três anos e marcou 26 gols. Passou pelo Guarani, Grêmio Mauaense e Madureira, mas não brilhou muito. Somou 11 gols nos três clubes. Transferiu-se para Portugal na temporada de 1999/00, onde atuou pelo União Leiria, Porto, Benfica e Sporting. Anotou 95 gols de 154 de sua carreira.
Hulk, revelado pelo Vitória em 2004, entrou em campo apenas duas vezes pelo clube e não marcou gols. No ano seguinte, deu início a sua carreira no Japão, onde vestiu a camisa de três clubes (Kawasaki Frontale, Consadole Sapporo e o Tokyo Verdy, dois anos no último), esteve em campo 109 vezes e marcou 74 gols — 45 deles no Tokyo.
Após quatro temporadas na Ásia, o Porto o comprou por 5,5 milhões de euros. O baiano permaneceu lá por mais quatro anos. Venceu quatro Ligas, três Taças de Portugal e quatro Supertaças Cândido Oliveira. Entrou em campo 170 vezes e anotou 78 gols. Depois defendeu o Zenit, da Rússia, por três anos, somou 77 gols e, em 2016, voltou à Ásia comprado pelo Shanghai da China por 55,80 milhões de euros, onde está desde então e contabiliza 46 gols.
Tiquinho Soares, revelado pelo Corinthians-AL em 2008, ficou sete anos jogando no futebol profissional do Brasil, em oito clubes diferentes (nenhum de renome), e fez 16 gols. Em dois anos no Nacional de Portugal, bateu esse número. Jogou 22 pelo Vitória Guimarães e marcou nove gols na temporada de 2016/17. No mesmo ano, foi vendido ao Porto, onde está desde então e soma 48 gols, o triplo do que fez em sete anos no Brasil. Ele está fazendo em menos de três anos somente no Porto.
*Estagiária sob a supervisão de Marcos Paulo Lima