Doha — No portão de acesso ao Estádio Al Gharafa, revista rigorosa da polícia. Do lado de fora e no interior da arena, auxílio dos voluntários, muitos deles vestidos com trajes árabes. Eles orientavam os tunisianos e marroquinos, donos da festa desta sexta-feira (29/3) no Catar. Nas quatro linhas, protocolo Fifa do início ao fim. Tudo coordenado como se fosse 21 de novembro de 2022 — data da abertura da próxima Copa do Mundo.
Finalistas da Supercopa da África, o Espérance, da Tunísia, e o Raja Casablanca, do Marrocos, entraram juntos, como manda o cerimonial da entidade máxima do futebol brasileiro. Mas só o Raja teve direito a chuva de papel picado na conquista do bicampeonato. Disputado pela primeira vez fora da África, o torneio reúne o campeão da Champions League do continente contra o vencedor da Copa das Confederações.
Enquanto os fanáticos torcedores do Raja Casablanca comemoravam os gols dos heróis Hafidi e Banoune no triunfo por 2 x 1, o Comitê Organizador da Copa do Catar festejava o cumprimento do dever de casa. Eles fizeram intercâmbio na Rússia para aprender os macetes, mas faltava aplicar a teoria na prática. A turma do serviço braçal, por exemplo, montou o palco para a premiação rapidamente e saiu de cena. O procedimento também foi rápido no acesso dos dois clubes em campo. Houve até entrada dos escudos dos times, uma ação que se repetiu nos 64 jogos da última Copa do Mundo.
Jogos como o desta sexta-feira será cada vez mais um exercício repetitivo no Catar. A menos que haja uma reviravolta, o Estádio Al Gharafa não é um dos oito selecionados para receber o Mundial. Porém, o que interessava era o entrosamento do time de profissionais e voluntários que entrará em ação em 2022.
Como mostrou a edição impressa do Correio Braziliense na edição desta sexta-feira (29), a Copa das Confederações 2021 pode até ser disputada, mas não no Catar, quebrando a tradicional sequência de eventos-teste que estava em vigor desde 2001. Japão e Coreia do Sul, Alemanha, África do Sul, Brasil e Rússia receberam o torneio quase um ano depois.
Não haverá Copa das Confederações no Catar em 2021 por uma razão simples: o forte calor. A alternativa seria realiza-la como em novembro e dezembro. Mas a Fifa quer evitar desordem no calendário em duas edições seguidas. A China é a principal candidata a receber o torneio.
Nesta segunda-feira (1/4), o Catar receberá mais uma competição de fora e repetirá o padrão Fifa durante a decisão Copa da Tunísia. O país escolheu o Catar para receber o confronto entre Espérance e Bizertin numa prova de que o esforço repetitivo ajudará a turma do protocolo a chegar mais do que entrosada na Copa do Mundo daqui a três anos.
*O jornalista viajou a convite da Associação de Futebol do Catar.