Gritos homofóbicos a cada tiro de meta e provocações de conotação sexual são comuns em campos de futebol. Tanto no profissional quanto nos campos amadores, a homofobia se faz presente no esporte mais popular do país. Quebrando a infeliz lógica, o Rio de Janeiro será palco do primeiro campeonato brasileiro gay, a Champions LiGay. Capital do país, Brasília tem o Bravus BSB como representante.
O time candango foi criado em agosto deste ano. Apesar da juventude da equipe, o meia Bruno Sete vê uma responsabilidade grande em participar da disputa. “Quando se cria um grupo gay para jogar futebol, você percebe que são pessoas que não encontraram espaço fora dali. Será um marco para o nosso mundo”, diz o servidor público de 39 anos.
O nome do torneio faz um trocadilho com o maior torneio interclubes do planeta, a Liga dos Campeões da Europa. BeesCats e Alligaytors (Rio de Janeiro), Futeboys e Unicorns (São Paulo), Bharbixas (Belo Horizonte), Bravus (Brasília), Magia (Porto Alegre) e Sereyos (Florianópolis) lutarão pela taça inédita.
O Bravus BSB treina todas as quintas-feiras, na 914 sul, em um complexo com várias quadras. Em pleno local de treinamento, membros do time já foram alvos de ofensas. “Há pouco tempo, estava indo para o meu carro e um homem comentou com o amigo do lado que eles deveriam trocar o lugar da pelada deles, pois na quinta-feira ‘tinha muito veado’”, conta Bruno Sete.
Além dos treinos de jogadas, o time ensaiou como entrará em campo para as partidas. “Entraremos em campo com o funk da Chapeuzinho Vermelho, já que nossa mascote é um lobo”, diz Rodrigo Antonello, de 36 anos, zagueiro da equipe e filho de Osmar Fernando Antonello, presidente da associação de árbitros do Rio Grande do Sul.
Levando a sério
Apesar do clima descontraído do time e do ambiente do torneio, Bruno Sete promete que o Bravus entrará em campo em busca do título. “Tem muita gente que vai para brincar, para confraternizar. Mas, pelo que vejo, o nosso time é muito bom, queremos ser campeões”, conta.
André Machado, um dos fundadores da Champions Ligay e jogador do BeesCats, do Rio de Janeiro, conta que a equipe, recém-chegada à Liga de Futebol 7 do estado fluminense, faz bonito em torneios locais. “Somos 100% gays e jogamos contra times héteros. Como chegamos agora na liga, estamos na 8ª divisão. Já fizemos três partidas e vencemos todas”, diz o roteirista de 37 anos.
* Estagiário sob a supervisão de Leonardo Meireles