A boa fase vivida pelo handebol brasileiro nos últimos anos não se reflete em todo o país. Em Brasília, por exemplo, falta de apoio financeiro e de estruturação da federação e evasão de patrocinadores após os Jogos Olímpicos do Rio são alguns dos obstáculos ao idealizar a criação de um time para representar a cidade no cenário nacional.
De acordo com a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), a federação do DF conta com 11 clubes filiados. Os principais são UnB, KFH e Mega Alfa. Porém, o próprio presidente da entidade e ex-atleta da Seleção Brasileira masculina da modalidade, Gilberto Cardoso, assume que hoje nenhum deles têm condições de disputar a Liga Nacional. “Nos últimos anos, não houve representantes do DF na liga. O último foi o Assef, há 15 anos”, conta.
Fora do DF, o panorama para a formação de clubes é melhor, porém, até mesmo equipes tradicionais enfrentam crise para se manter. É o caso do São Caetano do Sul, de São Paulo. Mesmo após garantir o terceiro lugar da Liga Nacional 2016, encerrou as atividades do time masculino adulto. Diogo Hubner, ex-central da equipe, desabafou nas redes sociais. “Dia realmente muito triste para todos nós! Desejo sorte a todos os profissionais envolvidos que agora precisam ‘arrumar’ algo para fazer! Não deixem o handebol morrer”, postou o atleta, que disputou a Rio-2016.
Manter o esporte vivo é justamente um dos objetivos do projeto Brasília Handebol. Nos planos está a criação de um time masculino que possa representar a capital nos principais campeonatos nacionais. A ideia da fisioterapeuta Evelyne Ishiyama, 34 anos, foi inspirada no Brasília Vôlei e no UniCeub/BRB, dois dos principais times da cidade.
A necessidade surgiu ao questionar a existência de um clube brasiliense de handebol. “Eu sempre acompanhei o esporte e já sentia falta disso. Algumas pessoas também me perguntavam por que nós não tínhamos uma referência na modalidade”, diz. No início de 2016, ela fez um projeto e saiu em busca de patrocinadores e de apoio. Após um ano de tentativas, os planos ainda estão no papel.
Segundo Evelyne, a única parceria firmada foi com a Upis, que forneceu bolsas a alguns atletas que formariam o clube. Ocorreu, então, a união com o time da faculdade. É preciso, porém, conseguir apoio para a entrada na cena nacional. O técnico da equipe, Felipe Cardoso, 27 anos, afirma que eles ainda não têm uma estrutura adequada para jogar como um clube. “Teríamos mais competições em nível nacional e, para isso, tem que haver mais verba e incentivo, porque estaríamos jogando com times de ponta do país”, comenta.
Esperança na nova gestão
De acordo com Cardoso, a entidade se interessou em ajudar na formação de novas equipes. Ele explica que os times são montados pelos clubes, e a federação só dá o apoio em logística de viagem, filiação e documentação.
A reunião para a divulgação do calendário nacional será no início de março. “Já posso adiantar que no primeiro semestre teremos o campeonato mirim e juvenil. Há a intenção também de trazer um acampamento de handebol juvenil masculino para Brasília”, conclui o dirigente.