Brasília sedia seletiva para o Mundial de canoa va'a, no Lago Paranoá

Canoas polinésias, ou canoas va'a — como a modalidade também é chamada, de acordo com os dialetos nativos do local de origem—, estão entre as principais atrações do Lago Paranoá neste fim de semana, durante a seletiva brasileira para o Mundial de velocidade, marcado para julho, no Taiti. Hoje (16/3) e amanhã (17/3), as embarcações das classes V1 (monotipo), em provas de 250m e 500m, e V6 (para grupo de seis competidores), em disputas de 500m, 1.000m e 1.500m, largam a partir de 9h, nas raias montadas na orla do Parque Asa Delta (QI 12 do Lago Sul).

Nas competições do grupo de elite, são oferecidas três vagas no masculino e no feminino da classe V1. Entre os homens, a concorrência está acirrada, com 18 inscritos. Para as mulheres, a disputa é mais amena, com cinco participantes. Uma das favoritas para carimbar o passaporte rumo ao Taiti é a brasiliense Diana Nishimura, 43 anos, pioneira da modalidade na capital do país.

Em 2017, Diana esteve no Taiti, onde participou do Mundial de provas de longa distância de canoa va'a. Segundo a brasiliense, que aproveitou a viagem para fazer alguns cursos sobre o esporte, os resultados do país ainda são inexpressivos no cenário internacional, que é dominado por Nova Zelândia, Taiti, Havaí e Austrália. "Afinal, foram esses povos que desenvolveram a canoa va'a. Para eles, remar é como jogar futebol para o brasileiro", explica Diana.

 

Apesar do nível ainda pouco competitivo dos brasileiros, Diana Nishimura ressalta o crescimento do interesse pela modalidade em território nacional, especialmente em Brasília. "Partimos do zero, há alguns anos, para 20 canoas e oito bases no Lago Paranoá atualmente. Temos duas escolas em que pessoas de qualquer idades e condições físicas podem iniciar no esporte", conta Diana, fundadora do centro de treinamento Canuí Canoagem. O outro grupo que ensina a modalidade na capital é o Ava Canoeiros.

Segundo explica Diana, os benefícios para os adeptos da canoa va'a se estendem do físico aos psicológico. Exercício de baixo impacto, toda a musculatura do corpo é trabalhada, com ênfase para o abdômen e os membros superiores. Além disso, a integração social, nos treinamentos em grupo (V6), e o contato com a natureza (água, ar livre e sol) promovem uma expansão da consciência, aliviando o estresse das tradicionais atividades urbanas. 

"O principal trabalho muscular é exercido pelo abdômen, o que conduz a um fortalecimento e à reeducação da postura. Dessa forma, problemas de coluna e nos ombros podem ser curados com a prática da canoa va'a. Os glúteos e as pernas também são trabalhados de forma isométrica, pois há uma constante tensão desses grupos musculares durante as remadas. Outro ganho extremamente positivo diz respeito à socialização e à interação com o meio ambiente, pois somos realmente impelidos a nos concentrar nas atividades na canoa, enquanto o mundo virtual das conexões por celular e outros aparelhos precisam dar um tempo”, explica Diana.

As seletivas para o Mundial de velocidade de canoa va'a integram o Festival Águas de Março. O evento se estende até domingo, com atrações culturais e outras competições esportivas, como maratona aquática e aquatlo. A programação completa está disponível em www.mksesportes.com.br.