O tênis costuma ser um esporte solitário para os atletas. Fora de quadra, porém, o tenista Pedro Dumont, de 24 anos, precisa de um time grande de colaboradores para vencer o jogo mais difícil da carreira. Promessa do tênis brasiliense em 2008, ele encara um tumor pela terceira vez na vida. Enquanto é isso, nas redes sociais, pede doação de sangue para a próxima fase do tratamento.
Ele admite que não é fácil lidar com a doença, mas que consegue encarar bem o problema. "Não vou mentir, é muito difícil. Quando você se cura uma vez, passa a fazer planos para o futuro. Depois, a doença aparece e interrompe tudo de novo, é frustrante. Mas estou firme, é uma batalha diária", fala com exclusividade ao Correio.
Um dos personagens do especial "Promessas", de janeiro de 2018, Pedro era apontado como nome forte para o futuro do tênis nacional. Por algumas escolhas "erradas", segundo o próprio, e dificuldades financeiras, Dumont se afastou da carreira profissional, mas ganhou bolsa na Universidade de West Florida, nos Estados Unidos, graças ao talento esportivo.
Em 2014, primeiro ano em Pensacola (sede da Universidade de West Florida), o brasiliense descobriu um tumor benigno. Uma cirurgia foi o suficiente para o tenista voltar à rotina. Porém, um ano depois, outro tumor apareceu no mesmo local. Dessa vez, a situação era preocupante: tratava-se de um câncer conhecido como sarcoma sinovial, que atinge os tendões e os ligamentos do corpo. Em entrevista ao Correio em janeiro de 2018, o pai, desconfortável em comentar o assunto, não escondeu a emoção. “Não é uma história feliz, claro. Nós sofremos demais, mas ele obteve vitórias gigantescas. O moleque é guerreiro, sempre foi vencedor”, disse Santos Dumont, treinador de tênis na capital.
Seguiram-se três meses de radioterapia e quimioterapia. Pedro ganhou peso, perdeu o cabelo e passou pelo sofrimento de uma batalha contra o câncer, aos 22 anos. Após o tratamento, em agosto de 2016, o tenista voltou aos EUA. Em novembro, foi campeão nacional de duplas universitárias. Em solo norte-americano, chegou a ocupar o topo do ranking universitário de duplas.
Após a graduação em Marketing, aceitou um convite para dar aulas de tênis em NoVA Iorque a partir de janeiro deste ano. Em abril, após duas semanas sentindo-se mal e longe das atividades, o diagnóstico: Pedro estava com um tumor de 22cm na região do abdômen.
De volta a Brasília às pressas, Pedro Dumont iniciou tratamento e agora tenta, novamente, se curar da doença. "Minhas melhoras foram rápidas e os médicos, agora, enxergam uma possibilidade de cura", comenta o tenista, que chegou a ficar com 80% do pulmão direito obstruído por uma inflamação.
A próxima fase do tratamento consiste em um transplante de medula óssea autólogo. Basicamente, qualquer um pode doar e ajudar a ex-promessa do tênis candango. Há preferência pelos homens de tipo sanguíneo "O-", mas não há restrição para outros doadores. As doações estão sendo recebidas no Hemocentro São Lucas, em frente ao Hospital Brasília.
Na tarde de terça-feira (27), o brasiliense tirou células-tronco do corpo. Na próxima fase do procedimento, será submetido a uma quimioterapia agressiva, onde precisará de transfusões sanguíneas. Em seguida, a parcela "boa" das células-tronco retiradas serão reinseridas no corpo do tenista de 24 anos.
Ainda sem fazer muitos planos para o futuro, Dumont tem, pelo menos, uma meta traçada. "Quero alertar a todos o quanto é importante ajudar ao próximo. Muitos que sofrem com o meu problema não têm acesso à mídia como eu. Quero criar um programa social, usar a minha situação para conseguir passar esse recado" projeta o atleta, que, ao lado do pai, gerencia uma academia de tênis no clube da Assefaz.