No comando do Brasil, Bebeto de Freitas inovou nos treinamentos, colocando atividades em dois turnos
A notícia da morte de Bebeto de Freitas, técnico da Seleção Brasileira em dois Jogos Olímpicos, abateu os jogadores da Geração de Prata, quando o Brasil conquistou a primeira medalha olímpica no vôlei de quadra, nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984. Ele também era o comandante da equipe quatro anos mais tarde, em Seul.
Morador de Brasília há mais de 20 anos e membro do elenco vice-campeão nos Estados Unidos, o ex-atleta Rui Campos lamentou o falecimento do homem responsável por formá-lo. "Foi um dos caras que acreditou em mim. É uma grande perda, não só para o voleibol, mas para o esporte do Brasil como um todo", diz.
Geração de Prata, comandada por Bebeto de Freitas nos Jogos de Los Angeles-1984: Da esq. para dir.: Paulo Sérgio, Badá, Bernard, Renan, Amauri, Xandó e Rui Campos; sentados: Montanaro, William, Marcus Vinícius, Fernandão e Maracanã
Autor do saque jornada nas estrelas, que conquistou o público na década de 1980, Bernard comenta que Bebeto de Freitas foi responsável pelo crescimento do vôlei nacional. "Na nossa geração, ele foi um inovador nos treinamentos, colocou atividades em dois turnos. Ele mostrou para o mundo e para o Brasil que uma transformação na nossa cultura era viável. Bebeto foi um ícone disso tudo, é uma notícia que cai como uma bomba", afirma.
Técnico da Seleção, Zé Roberto perde grande amigo
O técnico da Seleção Brasileira de vôlei feminino, José Roberto Guimarães, de 63 anos, foi pego de surpresa com a notícia da morte de Bebeto de Freitas, principalmente pela proximidade com o amigo. "Ele era o meu mentor. Nossa Senhora. Não podia esperar isso nunca. Ainda ontem (segunda-feira) falei sobre ele numa palestra que dei em São Paulo. Estou surpreso. Perdi um amigo. Ele era uma referência”, lamentou. Os dois não só jogaram juntos durante grande parte da carreira, principalmente na Seleção Brasileira, como Zé Roberto foi auxiliar-técnico de Bebeto na Seleção.
Além dos títulos no Brasil, Bebeto de Freitas é ídolo no voleibol italiano. No país europeu, venceu vários torneios com o Maxicono Parma, entre 1990 e 1995. Em 1997, foi campeão da Liga Mundial com a seleção italiana. Um ano mais tarde, também comandava o time no título mundial da modalidade.
Da esq. para dir: Paulo Sérgio Rocha (preparador físico), Jorjão (auxiliar), Bernard, Leo (cortado antes dos Jogos), Fernandão, Rui Campos, Xandó, Maracanã, Amauri, Bebeto de Freitas (técnico) e Brunoro; sentados: Matias (massagista), Marcus Vinícius, Montanaro, Bernardinho, Renan, William, Ronaldão (cortado), Cacau (cortado) e Badá
Confederação Brasileira de Voleibol agradece o que Bebeto de Freitas fez pelo vôlei brasileiro
"A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), estarrecida com a notícia do falecimento de Bebeto de Freitas, lamenta muito e vem expressar, neste momento, todo o agradecimento em relação a tudo que o técnico da seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de 1984 e 1988 fez pelo voleibol", escreveu, em nota divulgada no site da entidade, após a notícia da morte do ex-jogador e ex-técnico.
A entidade ainda anunciou que as Superligas masculina e feminina e o Circuito Brasileiro Open de vôlei de praia irão respeitar um minuto de silêncio antes das partidas até o próximo domingo (18/3). Em 2015, Bebeto de Freitas foi homenageado no mundo do vôlei ao entrar para o Hall da Fama da Federação Internacional de Voleibol (FIVB).
Homenagem feita em 2004 à Geração de Prata após 20 anos da conquista